AULA 06: Composição - Parte 2: Regras de Estrutura

Como muitos sabem The Rev escreveu diversas músicas para o A7X, como por exemplo: "A Little Piece of Heaven", "Brompton Cocktail", "Afterlife","Critical Acclaim", "Scream", "Lost", "Almost Easy", além da composição original de Fiction, mas na gravação final do CD quem toca é um homem chamado David Palmer. Muitos dizem que algumas de suas letras eram como um diário cheio de premonições, outros apenas veem como músicas. Na verdade, musicalmente falando, todos querem compor tão bem quanto ele, Matt ou Brian, ou até mesmo Papa Gates, já ouviram a música que ele fez com o Jimmy na bateria chamada "Bring My Baby Back To Me"? Obras artísticas incríveis que muitos fãs queriam escrever ou fazer uma pequena porcentagem igual a eles, e acredite, isso é possível sim!

Quando se compõe a ideia principal é pensar em um tema e desandar a escrever e rimar, porém no mercado musical a banda não toca assim.

O sucesso exige disciplina e regras sim, a sorte vem para a minoria. Para quem estuda teoria musical são anos de dedicação, na composição não é diferente, e o que ninguém sabe é que nunca suas aulas de língua portuguesa eram/são tão úteis! Terá que usar muito o livro de gramática, poesias e até mesmo o dicionário ao seu favor, além de treinar muito escrevendo e passar horas quebrando a cabeça.

Entenda a seguir a razão de utilizar os livros citados anteriormente, inspiração, quais os tipos de rimas, como escolher o título, tema perfeito e como desenvolvê-lo, estrutura que o mercado pede e como sua música ter qualidade.

INSPIRAÇÃO:

Acredite sua inspiração virá nas horas mais nada haver, como indo dormir e achando que irá lembrar dia seguinte, não, você não irá lembrar. Carregue sempre um bloco de anotações, caderno, hoje em dia aplicativos de bloco de notas são uma mão na roda (sou dependente 100% para rascunhos), qualquer hora, lugar ou situação pode baixar ideia para compor, anote tudo, não confie em sua memória, depois passe para o papel, Word do computador ou online no Google Docs, faça várias cópias em locais diferentes para não perder sua obra por causa de celular, tablet, computador quebrado ou com vírus. Aliás o mesmo vale para certificados digitais e registros de suas músicas e tudo relacionado a sua banda de forma digital, tenham sempre várias cópias.

TÍTULO:

Muitos escolhem antes de começar a escrever, outros no final, no meu caso depende, a maioria das vezes escolho durante o processo de criação, tiro de um trecho ou palavra que repita mais e resuma a história inteira da música, ou em casos mais raros coloco uma palavra que não apareceu na música, ou escrevi de forma diferente, mas era parecida, como por exemplo: "ansiosa" coloquei "ansiedade". Tem casos como "Untitled" do Simple Plan que como o nome diz não tem título, mas isso é uma raridade. O importante que o título tendo uma, duas, três palavras, ou letras, seja curto e objetivo, a não ser que você toque no Fall Out Boy ou Panic! at the Disco que fazem bíblias no lugar dos títulos. 

TEMA:

A escolha do tema é muito abrangente, então para começar use os mais óbvios como "Amor", "Perda", "Traição", "Sentimentos", entre outros, mas a diferença na escolha será fazer um filtro. Quando você compra pela internet uma camiseta, você acessa o site da loja X e pesquisa, aparece feminina, masculina, infantil, peças na promoção ou temáticas de filmes no momento, diversos tamanhos, preços, cores, então você vai clicando no filtro por exemplo: tamanho M, cor preta, feminina, preços até 50 reais, com caveiras, na composição a escolha do tema é a mesma coisa.

No caso do tema "Amor" faça esse mesmo filtro, se perguntando: Amor de qual tipo? Por quem? Aconteceu com você ou um conhecido? Nunca aconteceu? É um tema que dá para desenvolver bastante, que você entende sobre ou dará poucas linhas? 

Às vezes o mesmo tema resulta em mais de uma música ou pode utilizar um trecho que sobrou, que é o caso de 4:00 A.M do Avenged que escreveram a partir de um fragmento restante de Fiction.

Importante: Tenha em mente que o tema deve desenrolar-se como uma dissertação, com introdução, desenvolvimento, clímax e encerramento, onde as frases se conversem entre si contando uma história com concordância e lógica.

DICIONÁRIO:

Sabiam que o cantor Buchecha, que fazia dupla com o irmão Claudinho, decorou um dicionário? Lógico que você não precisa decorar, mas um bom compositor lê muito, para aumentar seu vocabulário, fazer rimas com facilidade, sem gastar tempo, nem ficar pensando nas mesmas palavras ou usando as mais óbvias como "Amor" e "Dor", chamadas de rimas pobres. Quando alguém ouvir sua música não precisa falar como um lorde inglês, nem um cientistas ou um médico, mas utilize palavras que mostrem instrução e cultura, afinal o país agradece músicas com mais conteúdo.

LIVRO DE GRAMÁTICA:

Como no caso do dicionário, também usado para ampliar o vocabulário, escrever com concordância, para saber usar as palavras corretamente como "mal" ou "mau", uso dos "porquê's", tempo certo do verbo (imagina começar a frase no presente, depois futuro e voltar ao passado no final?), acentuação, quando usa-se ou não a vírgula, o ponto final em composições você sabia que não é necessário, apenas reticências? 

LIVRO DE POESIAS:

Através deles você verá quantas regras envolvem um verso, estrofe, rimas, igual na composição, a poesia é recheada de regras para transmitir a musicalidade necessária ao ler.

VERSO:

Cada uma das linhas de um poema ou composição poética. O verso obedece a determinadas normas de rítmo.

ESTROFE:

RIMAS:

RITMO:

É constituído por uma cadência (progressão de acordes ou intervalos) que resulta na alternância harmônica entre sílabas acentuadas (tônicas/fortes) e sílabas átonas (fracas).

ESTRUTURA/ MÉTRICA 

Na poesia e na música é denominada métrica a medida do verso contando sua quantidade de sílabas, ela que trás o equilíbrio a composição, dá ritmo e ajuda na escolha da melodia, onde os versos tem praticamente o mesmo tamanho e os que rimam possuem igual tamanho.

O estudo da medida de cada verso é chamado de Metrificação, e a prática das contagem das sílabas poéticas é chamada de Escansão, que ocorre de forma auditiva, visando como você fala a palavra, diferente da gramatical aprendida nas aulas de português, onde ocorre apenas a contagem simples das sílabas. Veja algumas regras:

- A contagem sempre termina na sílaba tônica da última palavra de cada verso. A contagem das demais sílabas dessa mesma última palavra são dispensadas, se houver;

-A cada verso é iniciada uma nova contagem, sendo dispensadas as sílabas que sobraram da última palavra do verso anterior;

-Na contagem, todas as pontuações são sempre ignoradas;

-Quando uma palavra termina com uma vogal átona (fraca) e a palavra seguinte começa por vogal também átona, as sílabas que contêm essas vogais serão combinadas em uma só sílaba métrica. 

- Quando se tem 3 vogais seguidas e a primeira é a tônica (forte), não é possível unir as 3, formando elas duas sílabas. Por exemplo: "Meu / a/ mor". Nesse caso, o "E" é mais forte que o "U", então é preciso dividir. 

-Quando a palavra termina em "M" e a seguinte começa com vogal, pode acontecer o desaparecimento da consoante. 

- O mesmo acontece com a letra "H", mas quando a palavra anterior terminar em vogal e em seguida vier uma que inicie com "H", ocorre obrigatoriamente o desaparecimento da consoante. Exemplo: "O ho/mem".

Veja abaixo os tipos de separação silábica:

MÉTRICA NA MELODIA:

Para ajudar na criação da melodia para música leia da seguinte forma, as sílabas tônicas que são pronunciadas com mais força iremos ler no som "TUM" e as sílabas átonas que são mais fracas lemos "TÁ", seguindo um ritmo na estrofe:

"TÁ-TÁ-TUM-TÁ-TÁ-TÁ-TUM"

Isso nos levará ao acento rítmico e à distribuição das sílabas fortes e fracas no verso, assim que a métrica funcionará em sua composição.

Imagens por: Isabel da Costa - A Métrica e a Rima.